Wednesday, September 5, 2012

E chegamos à entrevista: depois do expediente!


Guest Post por Jaime Lima 


Para minha surpresa, o entrevistador me solta um:

- O que você faz nas suas horas vagas? Tem um hobby?

Gaguejei, óbvio. Falo de minhas coleções de selos? Talvez meu gosto pela leitura de romances policiais seja mais démodé do que um show da Banda Calypso.  E esta bomba vem no fim da entrevista, com qualificações e histórico profissional já amplamente discutidos. Eu, velho de guerra, aguardava um desfecho padrão.  Por que diabos o empregador holandês quer saber o que eu faço no meu tempo livre?

Há várias possíveis explicações. A primeira (padrão) seria garantir que o funcionário é uma pessoa equilibrada que não vive só para o trabalho. Um viciado em trabalho pode ter um treco por exagerar na dose de tarefas a que se propõe e, no final das contas, causar prejuízo à empresa. Mas, cá entre nós, eu acho que esta é uma meia verdade.

Na prática custa caríssimo demitir alguém na Holanda antes do fim do contrato de trabalho. Ou seja, é preferível contratar o funcionário por três meses e testá-lo. Se o camarada for “um mala”, a empresa vai ter de aguentá-lo até o fim do contrato. Demiti-lo sem justa causa pode ser uma imbecilidade financeira. 
Em suma: as perguntas de caráter “fale me sobre como sua vida é divertida” servem mesmo para classificar a personalidade do candidato. Mais ainda, elas servem para determinar se ele se encaixa no time, tendo grandes afinidades com os demais colegas.     

Minha vasta (e doida) experiência revela que a perguntas deste tipo mais recorrentes são:

·       Que língua você fala na sua casa? O objetivo é saber se seu holandês ou inglês estará constantemente sendo melhorado pelo uso diário. O ideal é dizer que a língua de casa é a língua usada no trabalho. Mas isso nem sempre é o caso. De todo modo, há várias maneiras de responder de um modo positivo. “Falamos português em casa,  mas mesmo assim estudo holandês três vezes por semana porque desejo sempre melhorar meu comando da língua”.
·       Você faz algum esporte? Sim, esporte é saúde e também revela algo sobre sua personalidade. Você prefere esportes coletivos, competitivos ou caminhadas solitárias contemplativas? Percebe-se que nas áreas comerciais, esportes competitivos são vistos com simpatia.
·       Quais são seus hobbies? Tal como os esportes, seus passatempos também falam sobre sua personalidade. Com um detalhe importante: hobbies podem justificar uma mudança de carreira.  Por exemplo, “Estudei  literatura na faculdade e hoje este é meu grande hobby. Minha  paixão profissional, porém, é a área de Recursos Humanos e tenho desenvolvido minha carreira nesta área”.

Ou seja, ninguém precisa saber que estilo musical você dança nos embalos de sábado à noite. Mesmo assim, para a próxima entrevista, vale pensar com antecedência quais de seus interesses não profissionais auxiliam seus argumentos enquanto candidato. Não vale inventar uma repentina paixão por geologia só para ganhar uma vaguinha na Shell. Mas nada impede que você fale de seu talento para fazer cupcakes.  Porque, pra mim, isso sim é um bom argumento para ser contratado!  

Enfim, a regra de ouro número 2 é: use seus interesses pessoais para construir um perfil profissional de sucesso!

VII Encontro dos Advogados Brasileiros na Holanda

O VII Encontro dos Advogados Brasileiros na Holanda aconteceu no dia 20 de maio de 2012 no Café Balie em Amsterdam. Participaram do encontro: Josiana, Joyce, Jaime, Marta, Bernardo e Samantha. Apesar do clima holandês frio e chuvoso que não colaborou, tivemos uma tarde bastante agradável! O próximo encontro deve acontecer em setembro ou outubro. Aguardem!